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Nutrição comportamental: tudo que você precisa saber

Nutrição comportamental

A nutrição comportamental não é reconhecida como especialidade dentro da nutrição, mas como uma abordagem de atendimento aos pacientes.

O termo “comportamental” é utilizado para definir que, através desse método, nutricionistas irão considerar a maneira como os pacientes agem diante as interações com o meio interno e externo.

As questões internas são as sensações, emoções, percepções e crenças, já o meio externo é o ambiente em que cada paciente vive e o meio que frequenta. 

Uma das principais premissas da nutrição comportamental é o respeito. 

Para isso é necessário entender que as decisões são dos pacientes e que “mandar” alguém comer algo ou decidir por essa pessoa não é respeitá-la, pois não estamos dando voz às suas vontades e sentimentos. 

A abordagem comportamental acredita no equilíbrio em relação aos alimentos, e repudia a ideia da ortorexia – que é a obsessão por uma alimentação perfeitamente saudável, normalmente acompanhada pelo excesso de exercícios físicos.

No método comportamental, vemos todos alimentos como fonte de nutrientes e principalmente, prazer. Damos espaço para que o paciente possa comer aquilo que lhe faz bem, ainda que seja um brigadeiro.

Porém, os ensinamos a entender suas vontades e como comer estes alimentos, de forma que não prejudique sua saúde ou metas. 

Dessa forma, vamos então, avaliar e reestruturar o comportamento de cada pessoa. Tudo isso, através do autoconhecimento e controle dos seus sentimentos e ações, de forma consciente, gentil e respeitosa. 

Por que optar pela abordagem comportamental:

É comprovado que a realização de dietas restritivas acaba desregulando nosso cérebro, dificultando a transmissão dos sinais de apetite, fome e saciedade dos nossos hormônios.

Além disso, a execução de diferentes tipos de dietas gera o famoso “efeito sanfona”, onde os pacientes acabam emagrecendo durante um período e depois retomando ou até aumentando o peso inicial.

Diversos episódios do “efeito sanfona” acabam trazendo mais dificuldades para o paciente emagrecer. Pois cada vez que isso ocorre  nosso cérebro entende que nosso corpo está sofrendo e tende a se proteger estocando mais energia.

Vamos pensar desse modo: não é estranho para você pensar que outra pessoa escolha aquilo que você vai comer? Escolha o quê , quando, como e quanto você vai comer em cada refeição?

Nosso dia a dia é uma caixinha de surpresas e a vida que levamos atualmente está cada vez mais corrida. Lidamos todos os dias com diversas questões de trabalho, familiares, pessoais e também com tudo que está acontecendo ao nosso redor.

Mesmo quando o paciente está “focado” em seguir uma dieta, ele irá ter dias em que não terá vontade ou não irá conseguir se organizar. Mesmo quando todas essas questões estiverem resolvidas, pode ser que ainda assim ele não se sinta bem em seguir a dieta naquele dia.

Os alimentos vêm sendo utilizados cada vez mais como uma válvula de escape, onde depositamos toda nossa ansiedade e angústias no momento de uma refeição. E ao estarmos realizando dietas nos vemos com mais um problema: frustrações.

Quando não conseguimos seguir um plano alimentar restrito, nos sentimentos culpados, e isso gera um ciclo vicioso: Realização de dieta restritiva > frustrações > desejo por alimentos “proibidos” > comer este alimento de forma exagerada > culpa > insatisfação.

Todo esse ciclo além de gerar na maioria das vezes o aumento de peso, pode gerar também diversos transtornos. Colocamos a culpa em nós mesmos de uma situação em que a ciência já explicou que não faz bem para nossa saúde.

Ao realizamos uma dieta e restringirmos alguns alimentos, ficamos com a “mentalidade de dieta”, passamos todo nosso dia pensando na refeição que estamos fazendo, na que vamos fazer e se os horários estão dentro do planejado.

Pensamos se estamos comendo corretamente, e ao pensar tanto em comida nos colocamos em uma situação onde automaticamente vamos pensar naquilo que não podemos comer.

A restrição gera vontade, e a vontade gera desejo, e na maioria das vezes o desejo gera o ato de comer aquilo que não podíamos. A mentalidade de dieta não nos ensina a lidar com nossos sentimentos, mas ocultá-los, e nada fica oculto por muito tempo.

A “mentalidade de dieta” possui outro fator negativo: atrela a saúde de cada paciente principalmente ao seu peso corporal. Coloca o emagrecimento como foco de um processo altamente complexo. E faz os pacientes acreditarem que para emagrecer é somente necessário “fechar a boca e malhar”.

Ainda que emagrecer seja a sua prioridade, é irresponsabilidade de um nutricionista colocar a sua saúde em risco para te entregar um resultado rápido e ineficiente. Pois meses após a dieta, você terá retomado seu peso inicial.

Se focarmos apenas no peso, levamos nossos pacientes a acreditar que existe a necessidade de alcançar um certo padrão. Quando na realidade, os padrões não existem.

A nutrição comportamental também defende a desconstrução destes padrões, apoiando movimentos como “the body positive”. Isso porque o corpo perfeito vai além das curvas e medidas, o corpo perfeito é aquele que respeitamos e que somos felizes dentro dele.

A realização de dietas restritivas é o principal fator de risco para o surgimento de transtornos alimentares, especialmente entre a infância e a adolescência. Crianças e adolescentes, um período em que estamos descobrindo nosso corpo.

O foco neste tipo de acompanhamento é o autoconhecimento e a mudança de comportamento, onde a diminuição do peso corporal se torna uma consequência deste processo.    

Atualmente vivemos em um cenário de “terrorismo nutricional. ” Quem nunca ouviu falar que um determinado alimento faz bem para isso ou faz mal para aquilo? E que você deve parar de consumir o quanto antes alguma coisa?

Isso têm acontecido com uma frequência cada vez maior. Já foram alvos fortes: o ovo, o pão, o açúcar, a gordura entre outros. E já apareceram também heróis, e ovo já esteve aqui também, junto com chás, goji berry, óleo de coco, dentre outros mil alimentos.

Se pesquisarmos no google “alimentos para emagrecer” teremos milhões de links disponíveis, mas será mesmo que um único alimento será responsável por um emagrecimento ou melhora da saúde? A resposta é NÃO! 

Além da não prescrição de dietas, a nutrição comportamental defende que não devemos demonizar nenhum alimento, muito menos endeusar outros.

A alimentação é complexa, e saber levar tudo com equilíbrio e consciência é muito mais importante do que se preocupar em consumir o alimento do momento, ou excluir o chocolate que você tanto ama.

De forma consciente, todos os alimentos podem e devem ser consumidos. Mesmo alimentos que não tenham valor nutricional interessante, se eles são agradáveis, palatáveis e nos fazem bem não devemos tratá-los como monstros.

Resumindo essas situações: fazer dietas muda nossa relação com a comida, para pior. Passamos a ver a comida como uma prescrição, perdemos o prazer em comer e a liberdade de podermos fazer nossas próprias escolhas.

A Nutrição comportamental vem como uma mãe que te ensina a ouvir seus sinais internos e entender o ambiente externo. A reconhecer aquilo que você realmente quer, do que aquilo que somente passou pela tua cabeça.

É através desse método que você vai aprender a lidar com a sua alimentação, e mesmo nos dias que não saíram como o planejado e que você não poderá “seguir a dieta” você saiba e entenda o que fazer com consciência.

Acreditamos que alimentação não deve ser mais um peso no dia a dia de cada pessoa, mas sim, um momento de prazer que pode melhorar nossa rotina e fazer com que sejamos mais felizes.

Ser livre para fazer suas próprias escolhas e poder aproveitar o happy hour com os amigos, os almoços de família ou uma refeição sozinha. Sem pensar que não pode sair para se divertir para não sair “da dieta”.

Mais importante do que comer menos, ou melhor, é entender o porquê você está comendo. O importante é respeitar nossas vontades e controlar nossos sentimentos.

Possuir autoconhecimento, estar apto a se entender e estar de bem consigo mesmo, fazendo suas escolhas de forma consciente e independente. Isso irá resultar automaticamente em uma relação de afeto e prazer com a comida.  

É importante refletir que além de tudo isso, a alimentação é um ato político e que podemos escolher aquilo que vamos comer é um privilégio, não deixe que outros escolham algo tão importante e prazeroso por você.

Para que tudo isso aconteça, a nutrição comportamental trabalha de forma respeitosa, entendendo que cada indivíduo tem o direito de fazer suas escolhas.

De forma, gentil, eu venho te ajudar, a entender melhor seus sentimentos em relação a alimentação, entender todas as coisas anteriores e posteriores do seu dia a dia e compreender como elas te levaram a fazer suas escolhas.

Juntos vamos aprender a lidar com suas frustrações e controlar seus sentimentos. Tornando o ato de comer um momento de prazer e te ajudando a atingir seus objetivos em relação a tua saúde.

Pare para refletir

Na maioria das vezes que vamos ao médico e possuímos algum fator de risco a saúde ou até mesmo alguma doença crônica, ouvimos a frase “você precisa melhorar sua alimentação, vá a um nutricionista”.

Ao chegar na consulta nos deparamos com alguém fazendo nossas escolhas, desde os alimentos, a quantidade e os horários. Será que isso realmente melhora a alimentação? Ou irá melhorar o que você vai comer?

A alimentação é o ato de nutrir-se! \Para melhorar isso, é necessário entender por que fazemos essas escolhas: se é por vontade, desejo, disponibilidade ou simplesmente por que estamos “vivendo no automático”.  

Mas se não dieta, o que?

Essa talvez seja a pergunta mais respondida por quem procura a nutrição comportamental. Se você não trabalha com dieta, você trabalha com o que?

A primeira palavra que me vêm à mente é: autonomia. Trabalhamos para que um dia nossos pacientes tenham total independência em relação a sua alimentação.

Para que isso aconteça são utilizadas diversas técnicas, a maioria utilizada na psicologia e também estratégias que visem a mudança de comportamento.

O foco principal é na comunicação, é importante que o paciente se sinta acolhido e confortável com o profissional escolhido para falar sobre sua alimentação e emoções.

A nutrição comportamental leva em consideração que ninguém sabe mais sobre você do que você mesmo e desta forma é criado um acompanhamento conjunto, onde o paciente e o nutricionista buscam a orientação que mais faça sentido para ele.

As técnicas utilizadas ajudam os pacientes a resgatar e prestar atenção nos sinais do seu corpo. Reconhecendo os aspectos emocionais e fisiológicos como: a fome, saciedade, desejos, ansiedade e vontades.

Auxiliamos nossos pacientes na organização e planejamento da alimentação, focando para que cada paciente entenda que se algo do planejamento não for alcançado, ela saiba como reagir a isso.

A nutrição comportamental é uma técnica de atendimento, e dentro dela compreendem outros métodos e abordagens.

Dentre eles estão: aconselhamento nutricional, terapia cognitivo-comportamental, entrevista motivacional, comer intuitivo, mindful eating (comer com atenção plena), e também técnicas de coaching.

Diversas das ferramentas utilizadas serão feitas no momento da consulta ou até mesmo o paciente fará em casa para que consiga refletir e ter maior aproveitamento do acompanhamento. 

Como serão meus resultados em um acompanhamento comportamental?

Diferente da nutrição convencional, os resultados não se baseiam em um menor número na balança.

Os ganhos deste acompanhamento são principalmente ter uma relação de paz com a comida – sentindo prazer em se alimentar e cozinhar.

Os pacientes ao longo do processo acabam compreendendo o que é um consumo alimentar saudável, passam a entender os sinais que o seu corpo emite e lidar com eles de forma consciente.

Além disso, os pacientes acabam saindo das zonas de “terrorismo nutricional” e estereótipos corporais. Passando a ter melhor satisfação com o corpo sem que isso dependa de um menor número na balança.

A perda de peso se torna uma consequência de todo esse processo, ao invés da principal meta.

De modo geral, a nutrição comportamental gera aos pacientes uma valorização de vida e do próprio corpo. Um bem-estar físico e mental que trará benefícios e autonomia para sempre.

Vamos desconstruir?

Espero que você tenha conseguido compreender um pouco melhor como funciona a nutrição comportamental. 

A base de um olhar biopsicossocial – que considera os aspectos físicos, biológicos e sociais – de cada paciente, reflete na desconstrução de crenças que possam afetar a sociedade em geral.

De forma rápida colocarei algumas questões que a nutrição comportamental defende para que você possa refletir e desconstruir falas ou crenças que possam estar dificultando a sua relação com a alimentação e o corpo ou que te levam inconscientemente a um julgamento incorreto do corpo ou hábitos de outras pessoas.

Eu gosto de lembrar que ninguém nasce desconstruído ou sabendo de tudo, mas a coisa mais importante é nos colocarmos em uma situação de reflexão e respeito.

Tratar alimentos como “bons” leva a lógica de que existem alimentos “ruins”. Assim como, o “comer corretamente” leva a crer que existe “comer de forma errada”. Devemos nos alimentar com todos os tipos de alimentos, desde que com consciência. 

Nossos corpos possuem características próprias, por exemplo, magreza não é elogio é característica. Não incentive nenhum tipo de padrão, cada um é perfeito do seu jeito.

Estar magro não é certificado de estar saudável, assim como obesidade não é certificado de estar doente. A saúde vai muito além das curvas do seu corpo.

Para emagrecer nunca será necessário apenas “fechar a boca” e “praticar exercícios físicos. ” Esse tipo de pensamento leva as pessoas a acreditarem que emagrecer é um processo simples e fácil e que pessoas não emagrecem por “preguiça”. Isso é gordofobia!

Aceitação corporal não é amar seu corpo a qualquer custo ou negligenciar sua saúde, seu autocuidado ou não querer mudar algo em si. É aprender a respeitar e gostar do seu corpo, aceitar suas diferenças e realizar mudanças de forma gentil, saudável e respeitosa.

Lembre-se que nos padrões de beleza que vemos nas redes sociais, existe um jogo de: maquiagem, iluminação, ângulo, photoshop e procedimentos estéticos. Muitas vezes acompanhados de diversos transtornos. Não existe vida ou corpo perfeito. Não se compare aos outros!

Esses são alguns pontos que trouxe, para continuar entendendo melhor sobre esse mundo da nutrição comportamental, continue me acompanhando nas redes sociais! Qualquer dúvida estou sempre à disposição.

Espero que você tenha conseguido entender melhor sobre o motivo pelo qual esse método faz meu coração bater tão forte!

E por fim: conte piadas e não calorias! Seja feliz, aproveite todas as partes de um processo de mudança, mesmo que seja difícil ou muitas vezes doloroso, lembre-se que autoconhecimento é algo que ninguém vai tirar de você.

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